Equidade de gênero na logística: ABOL aponta avanços e oportunidades
- settrimudia
- 26 de mar.
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Pesquisa realizada pela associação mostrou que mudanças culturais e programas de incentivo ampliam oportunidades, mas ainda existem

O relatório Women in Business 2025 aponta uma desaceleração no crescimento da participação feminina em cargas de liderança em 2024. No entanto, os principais operadores logísticos do país, filiados à Associação Brasileira dos Operadores Logísticos (ABOL), registraram aumento na presença de mulheres em diversas funções.
Algumas empresas contam com quase 150 mulheres em cargas de supervisão, coordenação, gestão e diretoria. De acordo com a associação, o setor alcança paridade numérica em algumas equipes, mas a presença feminina ainda pode crescer em níveis mais altos de decisão.
Pesquisa da ABOL com suas filiadas mostrou que 30% dos entrevistados acreditam que a presença feminina nessas posições melhora a gestão de equipes e processos. Outros 20% indicam que a inclusão de mulheres contribui para um ambiente de trabalho mais equilibrado. Para 10%, há impacto positivo em políticas de bem-estar e desenvolvimento das pessoas. Os 40% restantes concordam com essas percepções e acrescentam que a diversidade de pensamento e a sensibilidade para temas sociais e ambientais são benefícios adicionais.
“No setor de logística, celebramos cada vez mais a ampliação da equidade de gênero no quadro geral de colaboradores dos Operadores Logísticos, mas ainda observamos que poucas mulheres ultrapassam o nível de gerência e chegam aos cargos de diretoria e presidência. Por que elas não chegam lá? Precisamos questionar os caminhos da liderança feminina, tornando-os menos hostis e mais inclusivos”, afirmou a diretora-executiva da ABOL, Marcella Cunha, reforçando que os OLs contam com políticas efetivas para incluir mulheres em todas as funções, porém os cargos de liderança altos ainda precisam ser trabalhados.
Marcella também se posicionou em relação às habilidades tradicionalmente consideradas femininas e capazes de influenciar as decisões estratégias das empresas. Ela observou que o mais interessante, atualmente, é ver a mistura de soft skills, a ponto de não serem mais atribuídas a uma questão de gênero.
“As novas gerações têm contribuído para impulsionar essa mudança. Hoje, vemos homens cada vez mais empáticos, adotando um estilo de liderança mais aberto e democrático – algo que, até pouco tempo atrás, era considerado algo exclusivamente feminino. Da mesma forma, vemos mulheres destacando-se por suas competências analíticas e pragmáticas, habilidades que anteriormente não eram tão estimuladas ou associadas a elas", afirmou.
OPERAÇÕES
Na operação, a presença feminina também cresce. Metade das empresas participantes da pesquisa conta com até cinco motoristas mulheres. Cerca de 20% têm mais de 20 motoristas de caminhões. O número ainda é maior entre mulheres que operam empilhadeiras e máquinas de médio porte em nossos armazéns.
De acordo com a ABOL, o avanço faz parte da mudança de mentalidade do mercado, que, segundo os OLs, está mais aberto à ideia de contratar mulheres para funções antes dominadas por homens, como condutores de carretas ou líderes de equipes operacionais.
Do total de respondentes, 70% observam uma modificação construtiva, mas 30% desse percentual entende que ainda há desafios a serem superados. Apenas 10% dos OLs associados à ABOL enxergam o mercado como ainda muito resistente à equidade.
A pesquisa elaborada pela associação mostra que a evolução também está atrelada aos programas de incentivo criados pelas companhias para o ingresso de mulheres no setor de operações: curso preparatório para motoristas e operadoras de empilhadeiras; programas de diversidade, equidade e inclusão; formação para mulheres que atuam em funções operacionais, preparando-as para futuras oportunidades; publicação de vagas afirmativas, políticas de flexibilização de horários e férias; e incentivo para participação de seleções internas e parceria com organizações de transportes, como a Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte) para qualificação de motoristas.
O levantamento revelou ainda que ao estimularem uma maior presença de mulheres, tanto nas operações quanto nas posições de liderança, 60% dos Operadores Logísticos observam um ambiente mais colaborativo e diverso, enquanto 30% percebem maior atenção aos detalhes e organização. Além disso, o mesmo percentual de OLs afirma que elas estimulam organização e planejamento estratégico, agregando valor em áreas como a gestão de frotas e a otimização de processos.
Fonte: Mundo Logística
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