GerLevantamento mostra condição dos caminhos até alguns dos destinos preferidos dos mineiros. Estragos exigem atenção, especialmente nas rodovias estaduais
Uma corrida de obstáculos separa os mineiros de alguns dos destinos turísticos mais procurados no feriado de carnaval que se aproxima. Com o excesso de chuvas dos últimos meses, as condições de várias estradas se agravaram e, na maioria delas, a resposta foram remendos que muitas vezes pioram as condições do tráfego, criam armadilhas e exigem atenção extra de motoristas, além de prejudicar o fluxo de veículos, naturalmente aumentado durante os recessos.
Nas últimas duas semanas, equipes do Estado de Minas mostraram as condições críticas das piores rodovias federais que cruzam o território mineiro: a BR-381 (Belo Horizonte a João Monlevade), BR-262 (João Monlevade a Vitória-ES) e a BR-265 (Lavras a São João del-Rei). São importantes ligações da maior malha viária do país com seis outros estados das regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. Esta edição traz um levantamento mais abrangente, que inclui as vias estaduais ou administradas pelo estado, que concentram 93% dos pontos de interdição no mapa de Minas.
As condições de estradas que levam a destinos apreciados pelos mineiros (veja no fim deste texto) revelam buracos, degradação, falta de acostamentos, erosões, drenagens, barreiras que ameaçam deslizar e acostamentos ruindo em praticamente 276 quilômetros dos 3.476 pesquisados
Um índice de 8%, em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo, que deve inspirar a cautela dos viajantes, sobretudo no trecho mineiro da BR-262 (João Monlevade-Martins Soares), onde 50 quilômetros, dos 196, estão arruinados, uma devastação de 26%.
Soluções provisórias para conter danos se prolongam
Diante das chuvas, um dos paliativos para reduzir o desgaste das enxurradas na base das estradas é a utilização de asfalto para erguer um anel em torno da área erodida. Método muito usado em 2023, após o castigo das tempestades nas rodovias repetir o de 2022. Mas, sem correção definitiva, o que deveria ser provisório se prolonga e a via pode acabar comprometida.
No Km 56 da rodovia MG-050, em Juatuba, por exemplo, uma garganta engoliu o acostamento e o primeiro anel construído. Mas, em vez de reforço na base, um segundo aro paliativo foi feito. Contudo, a escavação da água já engole o subsolo da via no sentido Furnas, criando trincas no pavimento superficial e podendo chegar a interrompê-la.
A situação da MG-050 é uma amostra dos estragos das intensas chuvas e da necessidade de manutenção que deixaram rodovias ainda mais perigosas para quem planeja viajar neste carnaval, a partir de Minas Gerais, sobretudo nas rodovias estaduais ou federais concedidas a Minas.
Dos 135 trechos de estradas com interdições parciais ou totais, 126 são administrados pelo estado, segundo levantamento da Polícia Militar Rodoviária (PMRv) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Do somatório de vias parcialmente bloqueadas, 115 são de manutenção do governo mineiro e sete da união, enquanto as intransitáveis são 11 estaduais e duas federais.
Erosões, barreiras e asfalto esburacado
Mesmo na Grande Belo Horizonte, as condições das rodovias não são exemplos de segurança, ainda que para viagens curtas. A cratera que tragou o acostamento da MG-050 e ameaça a pista, em Juatuba, interrompeu também a ciclovia onde pedala o militar da reserva Wagner Pereira, de 58 anos. “Aqui tinha de ter uma atenção maior, um reparo. O tráfego de caminhões pesados é intenso e o buraco só vai aumentando, desde 2021. Logo vai levar a rodovia toda. Enquanto isso, nós, ciclistas, temos de ir para a estrada, ouvir buzinas e xingamentos”, afirma Wagner.
Um dos principais corredores que ligam a capital mineira e turistas de São Paulo ao Inhotim, a MG-155 (Mário Campos-Brumadinho) tem precários todos os seus sete quilômetros da BR-381 até o trevo de Brumadinho. Uma estrada estreita, praticamente sem acostamentos, asfalto esburacado e degradado, onde as rodas de carretas e caminhões afundaram seus rastros nos quebra-molas.
O resultado são profundos sulcos paralelos, com quase meio metro, que podem danificar a base de veículos de passeio que caírem ali, obrigando-os a reduzir ainda mais a velocidade para equilibrar os pneus onde o obstáculo ainda é regular.
Enquanto isso, há trechos praticamente intransitáveis, como na BR-265 (Lavras-São João del-Rei), onde o EM mostrou que o segmento de 93 quilômetros entre o Sul de Minas e o Campo das Vertentes está destruído.
Situação em estado crítico tem também a MG-232 (Ipatinga-Morro do Pilar), a estrada que concentra mais interrupções no estado, com 13 bloqueios parciais devido a nove segmentos com deslizamentos de barreira, um ponto onde a pista cedeu, dois onde está cedendo e um local onde a estrada está ruindo e há queda de barreira ao mesmo tempo. Isso, sem falar nos pelo menos 67 quilômetros tomados por crateras e erosões nas pistas, acostamentos e drenagens.
A caminho do litoral
Um dos caminhos mais usados pelos mineiros para se deslocar para os litorais capixaba (BR-262) e baiano (BRs-381, 116, 418 e 101) e o Vale do Aço (BR-381) é o trecho coincidente da BR-381 com a BR-262, entre o Anel Rodoviário de BH e João Monlevade, nos 100 quilômetros conhecidos como Rodovia da Morte. Além de estreitamentos e desvios devido às obras de duplicação, há vários segmentos perigosos, aos quais os motoristas devem se atentar.
Logo após o Anel Rodoviário, o tráfego já costuma ser intenso na estrada. Radares retêm veículos na ponte sobre o Rio das Velhas, no limite com Sabará, e a velocidade reduzida e passagem de uma pista em circuito no posto da Polícia Rodoviária Federal comprimem o fluxo e alongam ainda mais a fileira de carros.
De Nova União a Caeté, o concreto da duplicação já se encontra esburacado e por isso carretas acabam fazendo zigue-zague para desviar, aumentando os riscos. Em São Gonçalo do Rio Abaixo, além das curvas fechadas e perigosas, o asfalto também se encontra precário, com muitos buracos, situação que se repete no trecho urbano de João Monlevade.
Danos desafiam poder de reparação
Responsável pelas rodovias estaduais, o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) informou que na MG-050, entre Betim e Juatuba, foi providenciada sinalização do acostamento da via e a proteção da erosão. “Para recuperação do aterro e da ciclovia, o Departamento já está tomando as providências necessárias, pois depende da elaboração de um projeto de engenharia.”
Na MG-155, o DER-MG afirma que desde a semana passada equipe de manutenção trabalha na recuperação da erosão às margens da rodovia, com limpeza da área para a recuperação da erosão. “Para a contenção do local já foi feito o reaterro com pedra e fundo de pedreira. As águas pluviais vão ser retiradas da erosão com a construção de uma caixa coletora saindo em um bueiro. O local está sinalizado, com o tráfego fluindo normalmente, e as obras estão sendo executadas de acordo com o previsto”, informou o Departamento.
Sobre o grande número de vias interrompidas, o DER-MG informa dispor de 40 unidades regionais em regime de plantão para atender às ocorrências do período chuvoso. “Das ocorrências na malha rodoviária estadual, 90 apresentam algum tipo de restrição que não impede o tráfego, como meia pista; 14 estão com o tráfego interrompido e 10 já estão em obras, com o deslocamento sendo feito por meio de desvio ou por passagem próxima do local (variante); e 22 situações já foram solucionadas pelas equipes de manutenção do Departamento".
O DER acrescenta já ter executado mais de uma centena de pontos de remoção de pequenas barreiras no período chuvoso.
Fonte: Estado de Minas Gerais
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